Madame Bovary

Sempre foi assim Um antigo encantamento pelas palavras, música e poesia...imagens QUE TRADUZEM O inconsciente. O amor é meu alimento,somente entendo a vida pelas vias da paixão, da delicadeza, da clara beleza. Pelos olhos femininos que me mostram o universo cheio de curvas paisagens distantes, muito mais no tempo que no espaço. O espaço é meu. E de todas as almas vermelhas.

quarta-feira, novembro 19, 2008


LITERATURA E EDUCAÇÃO

A Literatura deve estar na escola como em qualquer outro contexto da vida onde se suponha a cultura, o desejo da criatividade e subjetividade humanas.
Leituras são sempre descobertas. Ler é calçar os Sapatos Floridos de Quintana num Pé de pilão e com ele ir à busca da Felicidade Clandestina, ou não. É chutar as pedras do caminho com Drummond, talvez os mesmos caminhos por onde nos leva Graciliano a seguir sonhando juntos com Fabiano e a família, deixar para trás suas Vidas Secas. Ler é ir lá fora e sentir o vento e perceber que podemos viajar 2000 Mil Léguas Submarinas e atracar na ilha de Robson Crusoé. Poderemos ser Trabalhadores do Mar, encontrar Simbad em qualquer uma dessas Mil e Uma Noites, encantadas pela voz Sherazad. É cavalgar com Sancho Pança e numa Espanha perdida no tempo, assistir a sagração de Don Quixote. Ser um Cavalheiro, Lancelot e Rei Arthur. Sofrer o amor impossível de Romeu, esperar a voz da cotovia junto com Julieta, levar na alma o tormento de Hamlet, o ciúme doentio e injusto de Otelo.
Sentar ao lado de Dona Benta, aspirar o cheiro morno dos quitutes de Tia Anastácia, vasculhar a biblioteca do Visconde de Sabugosa e escolher na estante, pelo cheiro, pela cor, pelo tato quem me fará companhia pela vida a fora. Pode ser Capitu e seus olhos dissimulados, Iracema e sue cabelos negros como a asa da graúna e com ela criar, inaugurar um país mestiço onde mocinhas brancas e pálidas se encontram nos salões de Alencar.
Viver num mundo antigo, num mundo novo, atemporal, surreal, mas sempre verdadeiro, verossímil. O mundo moderno dos Andradas, realista de Machado de Assis, concreto dos Campos, múltiplo de sensibilidades desassossegadas de um Fernando Pessoa. Num mundo de amor pelas palavras femininas de Florbela Espanca.
Ler é enlouquecer com Medeia, é se encontrar diante de enigmas da esfinge ao lado de Édipo, é viajar “por mares nunca d’antes navegados”, mares de que Camões conhece todas as rotas. Mares de Homero.
Fernando Pessoa entrega a Mensagem: “entre mim e o que há em mim corre um rio sem fim”. Como infindo é o mundo da literatura, da leitura.
Ler para tocar um solo de clarineta e anunciar Érico Veríssimo. É deitar sob uma árvore com Alice e acordar do Outro Lado do Espelho, refletir o Retrato de Dorian Gray. É sentar num jardim de Flores do Mal ao lado de Baudelaire e nessa conversa se conscientizar da fragilidade humana. É repetir infinitamente com o Corvo: nunca mais. São Histórias Extraordinárias e vamos ouvi-las eternamente, enquanto durar a chama. Prometeus acorrentados às fantasias e às emoções, podemos escolher: Ou Isto ou Aquilo. Literatura na escola para ir lá fora e sentir a brisa e buscar a criança que um dia deixei sentada na calçada ao lado de um Menino Maluquinho. Ler, pois o resto é silêncio e Literatura.



ZÉLIA CAVALHEIRO

::Escrito por Madame Bovary as 07:16


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