quinta-feira, junho 08, 2006
Análise Fernando Pessoa
ANÁLISE
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que,
ao entreter
Os meus olhos nos teus,
perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar,
e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te,
e ao saber-me
Sabendo que tu és,
que, só por ter-me
Consciente de ti,
nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que,
ao entreter
Os meus olhos nos teus,
perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar,
e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te,
e ao saber-me
Sabendo que tu és,
que, só por ter-me
Consciente de ti,
nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911
::Escrito por Madame Bovary as 11:42
0 Comentários:
Postar um comentário
::Voltar