Madame Bovary

Sempre foi assim Um antigo encantamento pelas palavras, música e poesia...imagens QUE TRADUZEM O inconsciente. O amor é meu alimento,somente entendo a vida pelas vias da paixão, da delicadeza, da clara beleza. Pelos olhos femininos que me mostram o universo cheio de curvas paisagens distantes, muito mais no tempo que no espaço. O espaço é meu. E de todas as almas vermelhas.

sábado, dezembro 22, 2007

Conto de Natal Alphonse Allais


Conto de Natal

Começa a fazer-se tarde. A festa está no melhor. Toda a gentinha está

excitada, barulhenta e apaixonada. As moças, esgargaladas, entregavam-

se todas. Os olhos começam a cerra-se-lhes e os lábios entreabertos

deixam ver húmidos tesouros de púrpura e nácar. Os copos tão depressa

se enchem como se esvaziam. Voam as canções, ritmadas pelo tilintar

dos copos e as gargalhadas das lindas raparigas.

Mas eis que o velho relógio de sala de jantar interrompe o seu tiquetaque

monótono e resmungão para furiosamente se pôr a gemer naquele tom

que assume sempre que quer dar horas.

É meia-noite! Soam as doze badaladas, lentas, graves, solenes, com

aquele tom de censura próprio dos velhos relógios patriarcais. Parecem

querer dizer-nos que já soaram muitas vezes em intenção dos nossos

antepassados defuntos e que hão-de tornar a soar para os nossos netos,

depois de nós termos desaparecido.

Sabedores disso, a malta fala em surdina, após toda a noite de algazarra,

enquanto as raparigas acabam com a risada.

Alberico, o mais doido do grupo, ergue então a taça e proclama com

cómica gravidade:

-Meus senhores, é meia-noite! São horas de negarmos a existência de Deus!

Truz, truz, truz! Batem à porta.

- Quem é? Não se espera ninguém e os criados foram dispensados!

Truz, truz, truz!

Abre-se a porta e vê-se aparecer a barba prateada de um velho muito

alto, vestido com uma comprida túnica branca.

-Quem é o senhor?-Sou Deus - respondeu o velho com enorme

simplicidade.

Semelhante declaração deixou toda a malta um tanto incomodada; mas

Alberico, que era mesmo homem de sangue-frio, replicou:

-Espero que isso não o impeça de beber um copo com a gente.

Na sua infinita bondade, Deus aceitou a oferta do rapaz e toda a gente se

sentiu de novo à vontade. Recomeçámos a beber, a rir e a cantar. Já a

cerúlea madrugada tornava pálidas as estrelas quando começámos a ir

cada um para seu lado.

Antes de se despedir da gente, Deus concordou, com a melhor das boas

disposições, em como de facto não existia.

::Escrito por Madame Bovary as 21:44
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Era Casa Era Jardim


Era casa era jardim
Noites e um bandolim
Os olhares nas varandas
E um cheiro de jasmim...
Era um telhado um pombal
Melodia e madrigal
E ninguém nem percebia
Que o real e a fantasia
Se separam no final...


Geraldo Azevedo

::Escrito por Madame Bovary as 21:30
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