quarta-feira, abril 18, 2007
Uma declaração de amor
Um Anjo Em Minha Vida
Todo os dias eu agradeço a Deus
por ter você ao meu lado
Por ter o seu amor por inteiro
Por me mostrar o que é amar e ser amado
Deus me deu um Anjo
E após todo este tempo voce ainda me surpreende
com seu carinho, sua sinceridadee acima de tudo com seu conhecimento
Eu posso não saber muito
Mas tudo que sei são verdades
que você me mostrou ou me ensinou a ver
Sou tudo que sou porque voce me amou
Voce me mostrou tudo o que eu tenho de bom
Eu não tenho como agradecer tudo o que
Você fez por mim
Pois hoje, meu Mundo é um lugar melhor por sua causa
Todo o Amor e toda a felicidade do Mundo
É o que eu desejo a você
Sou tudo que sou porque voce me amou.
Ana
::Escrito por Madame Bovary as 11:01
::0 Comentários
domingo, abril 08, 2007
Cores do céu
Arrebóis ao anoitecer, água ou vento ao amanhecer.
Arrebóis ao anoitecer trazem água à noite; arrebóis à noite sol de manhã.
Barra roxa em sol nascente, água em três dias não mente.
Barra vermelha, água na orelha.
Céu azul, vento de norte ou sul.
Céu pardacento, ou chuva ou vento.
Céu pardacento, ou dá chuva, ou dá vento ou qualquer outro tempo.
Céu pedrento, chuva ou vento.
Céu pedrento, chuva ou vento, não tem assento.
Céu pedrento, chuva ou vento ou qualquer outro tempo.
Céu pedrento, não tem assento.
Céu vermelho para o mar, velhas a assoalhar.
Com céu azul carregado, teremos o barco em vento afogado.
De manhã barra vermelha, água na orelha.
Espanha escura, sol de dura.
Foge de um céu azul aleitado; ou desces à câmara ou ficas molhado.
Foi-se o nordeste, turvou-se o azul, fugiu do norte, foi para o sul.
Leste escuro, Sul seguro.
Manhã ruiva, ou vento ou chuva.
Manta ruiva, ou vento ou chuva.
Nuvem negra, proa na terra.
Nuvens no céu cinzento, chuva ou qualquer mudança de tempo.
Nuvens paradas, cor de cobre, é temporal que se descobre.
Nuvens pequenas, altas e escuras são chuvas certas e seguras.
Poente nubloso, vermelho acobreado safa a japona, que o tempo é molhado.
Quando estiver vermelho para Viseu, leva o teu capote que eu levo o meu.
Rosado sol posto cariz bem disposto.
Rosado sol-posto traz cariz no rosto.
Rosado sol-posto traz cariz bem disposto.
Ruivas ao mar, a velha a soalhar.
Ruivas ao nascente, chuva de repente.
Ruivas de manhã, chuva pela tarde, ruivas de tarde, sol pela manhã.
Ruivas de manhã, chuva de tarde.
Ruivas de manhã, sol de tarde; ruivas de tarde, sol pela manhã.
Ruivas no nascente, desapõe os bois e foge sempre.
Se estiver vermelho pela Espanha, albarda o burro e vai à lenha.
Sol claro no poente, boa está a noite e a manhã excelente.
Sol roxo, água a olho.
Sol roxo, chuva olha.
Sol ruivo, vento seco; Sol roxo, água a olho; Sol azulado, água no adro.
Sol vermelho no poente, esta noite boa e amanhã excelente.
Tarde rosada, manhã orvalhada.
Tarde vermelha e manhã cinzenta, não esperes chuva nem tormenta.
Vermelha alvorada vem mal acompanhada.
Vermelha alvorada vem mal encarada.
Vermelhão para o mar, velhas a alvar.
Vermelho ao mar, calor de rachar.
Vermelho ao mar, velhas a assoalhar.
Vermelho ao nascente, chuva de repente.
Vermelho na serra, chuva na terra.
Vermelho nascente que pronto descora, tempo de chuva que está prá demora.
Vermelho no poente, no outro dia bom tempo.
Vermelho para a serra, chuva na terra, vermelho para o mar, calor de rachar.
::Escrito por Madame Bovary as 11:02
::0 Comentários
O QUE MINHA LETRA FALA SOBRE MIM
ZÉLIA CAVALHEIRO
::Escrito por Madame Bovary as 10:41
::0 Comentários
Ibicuí da Armada
Tudo é permitido
Lambaris de cristal
E um bugio largado e rouco
De uma acordeona fantasma
Teu eco me responde
No timbre dos caudilhos!
Ibicuí da Armada
A mulher cavalga sobre teu leito
Um silêncio muito antigo
Cai sobre os insetos
Chegam homens maragatos
Num pequeno bote
Que encosta sem pressa
Na outra margem
O ronco da queda d'água
Me chama de louco!
Ibicuí da Armada
A mulher cavalga sobre teu leito
São três homens
Três facões
Com três lenços rubros
São três sombras
Três chapéus
Que entram pela mata
Três luas brilhando no aço
São três degoladores
Por sorte não me viram!
Ibicuí da Armada
A mulher cavalga
sobre teu leito
As cigarras recomeçam
Com seu canto triste
Eu mergulho como um bicho
E nadando em águas profundas
Revelo poemas aos peixes
São versos do soldado
Do poeta russo!
Ibicuí da Armada A mulher cavalga sobre teu leito
Limo e verbo Lodo e rima
Louca a bala Laica
Correnteza Movimentos
Lanço a poesia molhada
Ao toque dos seres gelados
E quando volto à tona
Os homens me descobrem!
Ibicuí da Armada
A mulher cavalga sobre teu leito
São três palas
Três anéis Com três vozes duras
São três golpes Três metais
E as três luas me partem ao meio
Brilhando no espelho Das lâminas
Meu corpo vai-se embora
Na trilha das traíras
E minha cabeça livre
No gêlo dos cometas!
Ibicuí da Armada
A mulher cavalga sobre teu leito!
::Escrito por Madame Bovary as 09:12
::1 Comentários
Reflexões simples sobre o corpo.
Paul Valery
::Escrito por Madame Bovary as 09:08
::0 Comentários
As Metamorfoses do Vampiro Charles Baudelaire
Tradução de Ivan Junqueira.
E no entanto a mulher, com lábios de framboesa,
Coleando qual serpente ao pé da lenha acesa,
E o seio a comprimir sob o aço do espartilho,
Dizia, a voz imersa em bálsamo e tomilho:
- "A boca úmida eu tenho e trago em minha ciência
De no fundo de um leito afogar a consciência.
Sou como, a quem vê sem véus a imagem nua,
As estrelas, o sol, o firmamento e a lua!
Tão douta na volúpia eu sou, queridos sábios,
Quando um homem sufoco à borda dos meus lábios,
Ou quando o seio oferto ao dente que mordisca,
Ingênua ou libertina, apática ou arisca,
Que sobre tais coxins macios e envolventes
Perder-se-iam por mim os anjos impotentes!"
Quando após me sugar dos ossos a medula,
Para ela me voltei já lânguido e sem gula
À procura de um beijo, uma outra eu vi então
Em cujo ventre o pus se unia à podridão!
Os dois olhos fechei em trêmula agonia,
E ao reabri-los depois, à plena luz do dia,
A meu lado, em lugar do manequim altivo,
No qual julguei ter visto a cor do sangue vivo,
Pendiam do esqueleto uns farrapos poeirentos,
Cujo grito lembrava a voz dos cata-ventos
Ou de uma tabuleta à ponta de uma lança,
Que nas noites de inverno ao vento se balança.
::Escrito por Madame Bovary as 09:03
::0 Comentários
quinta-feira, abril 05, 2007
Sou o único homem a bordo do meu barco.
Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.
Sophia de Mello Breyner
::Escrito por Madame Bovary as 08:56
::0 Comentários
terça-feira, abril 03, 2007
Dois dedos deslizam
furtados à dor
as cores se foram
mãos
amo mãos
as que dão
as que são
aquelas que estão
frutadas de cor
velhas âncoras
suas mãos dedos perdidos de meus anéis
ZÉLIA CAVALHEIRO
::Escrito por Madame Bovary as 23:49
::0 Comentários
Seiva crua em boca nua
mar que me mata a fome
que me leva à fome
submersa entre hemáceas e desejos
emerge
colorada lucidez
avidez avermelhada
carne
vida pulsante
triste e pálida em sua fluidez
emparelhada
a nada
enfileirados soldados brancos
dentes encastoados rubros
um filete de oceano rutila entre lábios.
ZÉLIA CAVALHEIRO
::Escrito por Madame Bovary as 23:19
::0 Comentários
domingo, abril 01, 2007
ESPELHO DAS LIBÉLULAS
por sobre os longos
turvos lagos
elas correm
me mantenho inerte
mergulhadores não
encontram pensamentos
escondidos sob as pedras
pés presos às algas mortas
do alto nada
nada não há
agarrada aos fios
de almas que voam tal
pandorgas coloridas pelo verão
as pontes distantes
as águas espelhos das libélulas
proximidade da dor
os lagos turvos escondem
brilho engolido
gargantas ávidas de luzes perdidas
pontes tragadas
já não preciso delas.
::Escrito por Madame Bovary as 20:20
::0 Comentários