Madame Bovary

Sempre foi assim Um antigo encantamento pelas palavras, música e poesia...imagens QUE TRADUZEM O inconsciente. O amor é meu alimento,somente entendo a vida pelas vias da paixão, da delicadeza, da clara beleza. Pelos olhos femininos que me mostram o universo cheio de curvas paisagens distantes, muito mais no tempo que no espaço. O espaço é meu. E de todas as almas vermelhas.

segunda-feira, março 26, 2007


Quanto custa um pouco se solidão??

::Escrito por Madame Bovary as 23:48
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Corpo de ânsia. José Regio


Corpo de ânsia.
Eu sonhei que te prostava,
E te enleava
Aos meus músculos!

Olhos de êxtase,
Eu sonhei que em vós bebia
Melancolia
De há séculos!

Boca sôfrega,
Rosa brava
Eu sonhei que te esfolhava
Petala a pétala!


Seios rígidos,
Eu sonhei que vos mordia
Até que sentia
Vómitos!

Ventre de mármore,
Eu sonhei que te sugava,
E esgotava
Como a um cálice!


Pernas de estátua,
Eu sonhei que vos abria,
Na fantasia,
Como pórticos!

Pés de sílfide,
Eu sonhei que vos queimava
Na lava
Destas mãos ávidas!

Corpo de ânsia,
Flor de volúpia sem lei
!Não te apagues, sonho! mata-me
Como eu sonhei.

.

::Escrito por Madame Bovary as 23:41
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domingo, março 25, 2007

Domingos deveriam vir aos pares como sapatos novos.


Domingos deveriam vir aos pares. Assim como : cheiro de goiaba madura, amigos que já conquistaram o sagrado direito de abrir sua geladeira e dele usufruem, alguém para ler textos chatos e necessários, fotos da china, soninho depois do almoço, silêncio preenchido por vozes amadas, olhar badulaques e quinquilharias nas feiras do mundo, ganhar um relógio e alguém sacana prá perguntar as horas a cada 2 minutos, poesia .........ter grana e amor atemporal pero não incondicional. Tudo aos pares. Como sapatos novos.

::Escrito por Madame Bovary as 19:37
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Cântico negro José Régio


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

::Escrito por Madame Bovary as 19:13
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quinta-feira, março 22, 2007

Neruda para espantar dores insolúveis


Já és minha.
Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalho, devem dormir agora.
Gira a noite sobre suas invisíves rodas
e junto a mim és pura como ambâr dormido...
Nenhuma mais, amor, dormira com meus sonhos...
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma viajará pela sombra comigo, só tu.
sempre viva. sempre sol... sempre lua...
Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo...
teus olhos se fecharam como

duas asas cinzas, enquanto eu sigo a água
que levas e me leva.
A noite... o mundo... o vento enovelam seu destino,
e já não sou sem ti senão apenas teu sonho...

Pablo Neruda

::Escrito por Madame Bovary as 14:12
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sábado, março 17, 2007

eu preciso ver o mar



Não vejo o mar
nem sinto seu cheiro
trago oculto na boca
um gosto de maresia
o sabor que me liga aos ventos do mar do sul
as distâncias
preciosas distâncias
das gentes e seus sons
conchas e pegadas
marcas de alguém que nunca mais
sentirá a carícia aflita dos grãos de areia
as praias ventosas
longas caminhadas
plataformas inatingíveis - é logo ali.
o sol não vai sair
bandeira vermelha
as lembranças são sempre velhas senhoras
sentadas longe do mar.
ZÉLIA CAVALHEIRO

::Escrito por Madame Bovary as 19:30
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Pecado Original


Todo dia, toda noite
Toda hora, toda madrugada
Momento e manhã
Todo mundo, todos os segundos do minuto
Vivem a eternidade da maçã
Tempo da serpente nossa irmã
Sonho de ter uma vida sã
Quando a gente volta
O rosto para o céu
E diz olhos nos olhos da imensidão:
Eu não sou cachorro não!
A gente não sabe o lugar certo
De colocar o desejo
Todo beijo, todo medo
Todo corpo em movimento
Está cheio de inferno e céu
Todo santo, todo canto
Todo pranto, todo manto
Está cheio de inferno e céu
O que fazer com o que DEUS nos deu?
O que foi que nos aconteceu?
Quando a gente volta
O rosto para o céu
E diz olhos nos olhos da imensidão:
Eu não sou cachorro não!
A gente não sabe o lugar certo
De colocar o desejo
Todo homem, todo lobisomem
Sabe a imensidão da fome
Que tem de viver
Todo homem sabe que essa fome
É mesmo grande
Até maior que o medo de morrer
Mas a gente nunca sabe mesmo
Que que quer uma mulher

::Escrito por Madame Bovary as 19:13
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quinta-feira, março 08, 2007

Minha mulher preferida



Mulheres que deixaram um rastro de alfazema e marcaram para mim o caminho.

Minha irmã, Tia Z. Nunca consegui entender como alguém pode ser tão pé no chão e ao mesmo tempo viver suas fantaias como se elas já fossem reais. Com ela já ri das maiores bobagens, brinquei como só duas crianças conseguem , chorei nos seus braços diante do meu filho que partia ...como não ser apaixonada por essa mulher que sempre me deu o que possui de melhor.....se pudesse ser outra pessoa eu seria muito , mas muito a minha Diidi. Mulheres nós só precisamos ser assim: mulheres.


ZÉLIA CAVALHEIRO

::Escrito por Madame Bovary as 17:39
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domingo, março 04, 2007

O ECLIPSE- O MELHOR DO SÁBADO



O melhor do sábado foi ver o eclipse. Lá fomos nós com um cobertor, uma garrafa de água gelada e muita disposição para lutar com as formigas durante algumas horas. O céu de Brasília esteve perfeito, sob encomenda para observar estrelas e eclipses lunares. Sob uma árvore, junto com meus filhotes ( mais as formigas), sentei diante do movimento quase imperceptível da sombra que aos poucos tomava conta da Lua. Como sempre em momentos que damos ao tempo o direito de passar no seu rítmo pinta um certo desconforto. Acostumados que estamos a uma vida velocidade banda larga, ficar ali parado olhando para o céu faz a gente refletir sobre o que fazemos com tanto tempo que tentamos ganhar. Barganhas diárias, segundos roubados para nada. A lua estava lá-como sempre-no seu lugarzinho, impassível, cheia e bela. E começamos a pensar em músicas e poesias com as quais poderíamos agradecer o momento de magia que acontecia maravilhosamente para todos. Para qualquer um disposto a encher os olhos e a alma com aquela bolinha que mais parecia uma pérola de tão redondinha, esférica que ficou quando o eclipse chegou ao auge. Eu adoro esses fenômenos, sempre penso no quanto é bom estar viva,no quanto me sinto viva e participando de algo maior, eterno. Mas o melhor foi abrir mão dos "compromissos inadiáveis" simplesmente sentar e deixar o universo seguir seu rumo, pena estar no caminho das formigas. E o bando de Quero-queros gritando seus quereres, não diferentes dos meus. Um lugar diante do céu e da lua cheia.
ZÉLIA CAVALHEIRO

::Escrito por Madame Bovary as 21:08
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Je

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Local: Brasília, DF, Brazil

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