quarta-feira, janeiro 17, 2007
"Adieu, toi qui m'as aimée"
Moi, à elle (lui) : "Adieu ! Encore une fois : adieu! Je t'aimerai toujours ! ...
Dès aujourd'hui, j'abandonne la vertu." »
(Lautreamont. Les Chants de Maldoror - Chant I)
::Escrito por Madame Bovary as 17:46
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sábado, janeiro 13, 2007
Ausência Vinícius de Moraes

Vinícius de Moraes
Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei...
tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite
e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
MORAES, Vinícius de. ANTOLOGIA POÉTICA.
::Escrito por Madame Bovary as 12:28
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terça-feira, janeiro 09, 2007
Clarice sempre
Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama,
Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,eu consisto,
amém.
::Escrito por Madame Bovary as 10:16
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UMA VELHA FIGUEIRA NO ALTO DA COLINA

Apenas uma velha figueira no alto da colina. Um sonho recorrente e um balanço invisível. Duas crianças que brincam através do tempo. Um corte definitivo no passado e o vento suave nos pés cansados... as botinas pretas escondem dor e incapacidade. Um velho bodoque conta histórias que passarinhos, antes livres, agora mortos, traziam nas asas. Quem lembra dos passarinhos ? Duas almas distantes que assistem o mundo que se desenrola abaixo da colina. As crianças se foram ... . Adultos não sabem o valor inocente da lealdade. Precisam se reencontrar crianças, pela eternidade sob a velha figueira no alto da colina, para que os pássaros , novamente, espalhem novidades de lugares distantes.
Tão distantes do mundo onde um menino com seu bodoque é um herói...e a menina no balanço sua Dulcinéia.
ZÉLIA CAVALHEIRO
::Escrito por Madame Bovary as 08:49
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terça-feira, janeiro 02, 2007
Tempo
::Escrito por Madame Bovary as 11:14
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