domingo, maio 28, 2006
Os hereges
PAULO LEMINSKI
eu ontem tive a impressão que deus quis falar comigo
não lhe dei ouvidos
quem sou eu pra falar com deus?
ele que cuide dos seus assuntos
eu cuido dos meus
::Escrito por Madame Bovary as 22:11
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Foi só um pensamento.
Como seria? Saberíamos fazer diferente?? ou mesmo tomando atitudes e caminhos inéditos chegaríamos ao mesmo ponto??? seríamos ainda nós mesmos???Falo do real ou do quanto de real possui a Vida....De voltar no tempo. poderia ser em outro tempo... Talvez a chave fosse um mergulho num lago ou rio.....como um rito ..um certo cerimonial. afinal, não é justo nem "poético" simplesmente estalar os dedos e agir...... eu só sei que gostaria de continuar sendo Eu. Um Eu mais inclinado a aceitar seus própios desejos....um eu mais desarmado e no entanto pronto para a luta...............................................
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ZÉLIA CAVALHEIRO
Maiakovski.
Ressuscita-me, nem que seja só por isso! Ressuscita-me! Quero viver até o fim o que me cabe! Para que o amor não seja mais escravo
Ouçoem meu peito
até o último pulsar
como se o estivesse
esperandopara um encontro:
o amor
a ressoar
simples e humano.O furacão,o fogo,o mar
vêm vindo
furiosamente.
Quem os pode domar?
Você pode?
Experimente...(Tradução de Augusto de Campos)
::Escrito por Madame Bovary as 21:35
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quarta-feira, maio 24, 2006
Não sei o que está acontecendo no meu mundo.
ZÉLIA CAVALHEIRO
::Escrito por Madame Bovary as 00:10
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terça-feira, maio 23, 2006
a boca não fala

cala a boca e me beija .....
me beija a boca
me deixa louca
silêncio
a boca ocupada pela tua língua
cansada
da espera
ousada suada
minha alma se revira
some
o foco
o beijo
ai quem me
dera
uma coisa
assim
deslizante
nada
nada
cala a boca e me beija
sem literatura
livre da poesia
que coisa
que bicho
que germe te mordeu menina
será minha sina
desejos ocultos
cala a minha boca e me beija!
ZÉLIA CAVALHEIRO
::Escrito por Madame Bovary as 10:16
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sexta-feira, maio 19, 2006
Bethânia . Doce mistério da vida

Sempre fui apaixonada pela Bethânia. ....
Doce mistério da vida.
Minha vida que parece muito calma
Tem segredos que eu não posso revelar
Escondidos bem no fundo de minh'alma
Não transparecem nem sequer em um olhar
Vive sempre conversando à sós comigo
Uma voz eu escuto com fervor
Escolheu meu coração pra seu abrigo
E dele fez um roseiral em flor
A ninguém revelarei o meu segredo
E nem direi quem é o meu amor
::Escrito por Madame Bovary as 23:41
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quarta-feira, maio 17, 2006
Roubei
À um pessimista desenganado, e especialmente à Donna Z.
Represéntanse la brevedad de lo que se vive y cuán nada parece lo que se vivió
Ah de la vida!... Nadie me responde?
Aquí de los antanõs que ha vivido!
La fortuna mis tiempos ha mordido,
Las horas mi locura las esconde.
Que sin poder como ni adonde
la salud y la edad se hayan huido!
Falta la vida, asiste lo vivido,
y no hay calamidad que non me ronde.
Ayer se fue, mañana no hay llegado
hoy se está yendo sin parar un punto
Soy un fue, y un será, y un es cansado.
En el hoy mañana y ayer junto
pañales y mortaja, y he quedado
presentes sucesiones de difunto.
Luis de Gongora y Argote
::Escrito por Madame Bovary as 08:48
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terça-feira, maio 16, 2006
Vem. você que é tão bonito
Você é tão bonito.
E nem sem fazer uma pergunta:
- Por quais caminhos ainda te pretendes perder?
Vem, deita-te ao meu lado
Nunca vai amanhecer
aceita
não há rotas viáveis de fuga
nem saídas de emergência.
nem destino nem sina
somente a urgência
do nosso desatino.
ZÉLIA CAVALHEIRO
::Escrito por Madame Bovary as 00:50
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Que de mim nunca te fartes
depois de tanta ânsia e fuga
esses seios quentes
que deles nunca te fartes!
A mim restou
depois da luta e do frio
esses braços transbordantes
que deles nunca te afastes!
Em mim ficou somente
depois da vida e da morte
um resto de esperança
uma alegria vadia
algumas manhãs coloridas
cicatrizes e feridas
dúvidas infinitas
muitas noites e poucos sonhos
poesia e fantasia
ficou também
o prazer de ainda caminhar
na chuva fina e noturna
de bater na tua porta
É tudo que tenho
depois da vida insistente
depois da morte constante
E ao visitante inesperado
o amor surpreentente.
A mim é o que restou.
Nada mais posso te dar.
Pois, é o que ainda sou.
E que de ti eu seja parte.
ZÉLIA CAVALHEIRO
::Escrito por Madame Bovary as 00:24
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segunda-feira, maio 15, 2006
Uma carta por debaixo da porta

Faz um tempo que não venho aqui.
Quase senti saudade.
Recebi uma carta, uma carta amiga e "tradicional". Com selo, envelope (listradinho de verde e amarelo) e carimbo dos correios. Na dita missiva, uma proposta irressistível. Trocarmos correspondência pelo método "jurássico".O que me fez pensar muito no tempo e na distância e toda relatividade aí contida. Posso dizer que, fato inusitado, encontrar uma carta embaixo da porta me fez lembrar da delícia que é abrir uma carta, a ansiedade diante do nome do remetente, a data em que foi postada e todo mistério e o friozinho gostoso que nos percorre quando isso acontece.
Quando escrevemos uma carta pessoal pensamos no outro. Naquele amigo, parente ou amor distante e em todas as palavras e no efeito que queremos causar. Um traço de individualidade. A caneta correndo pelo papel e junto com ela nossos desejos, notícias, acontecimentos, as novidades, os segredos. Entendo e sou defensora ferrenha do sagrado direito à privacidade.
Estava provando do prazer de escrever no papel. Contudo, senti saudade daqui. E acima de tudo gosto de escrever.
ZÉLIA CAVALHEIRO
::Escrito por Madame Bovary as 23:58
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O jardim dos caminhos que se bifurcam

"Na maioria desses tempos,
nós não existimos;
em alguns,
existe o senhor e não eu;
em outros, eu, não o senhor;
noutros, os dois.
Neste, que um acaso favorável me apresenta,
o senhor chegou em minha casa;
em outro, o senhor, ao atravessar o jardim, encontrou-me morto;
noutro, eu digo essas mesmas palavras,
porém sou um erro, um fantasma."
O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam, de Jorge Luis Borges.
::Escrito por Madame Bovary as 07:26
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terça-feira, maio 02, 2006
e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece,
que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
quem quase passou ainda estuda,
quem quase morreu está vivo,
quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,
nas chances que se perdem por medo,
nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna;
ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cór,
está estampada na distância e frieza dos sorrisos,
na frouxidão dos abraços,
na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor,
sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo,
o mar não teria ondas,
os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina,
não inspira,
não aflige nem acalma,
apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas,
nem que todas as estrelas estejam ao alcance,
para as coisas que não podem ser mudadas
resta-nos somente paciência porém,
preferir a derrota prévia à dúvida da vitória
é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão;
pros fracassos, chance;
pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando,
fazendo que planejando, vivendo que esperando porque,
embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu.
(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva, em sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo)
::Escrito por Madame Bovary as 07:03
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